Carnaval da Reconstrução
Brasil, São Luís do Paraitinga, Junho 2010
Erica Dezonne
O carnaval ressurge. Ressurge do barro e dos escombros que a força das águas da chuva devastou em 2010, ano de tragédias naturais que deixou pessoas e cidades mortas. Fez falecer o famoso e alegre carnaval de São Luiz do Paraitinga, cidade tombada como Patrimônio Cultural Nacional. As marchinhas se calaram. Os bonecos se afogaram. Casas coloridas adotaram a cor marrom. O sino da Matriz não tocou mais e os cidadãos que nela iam tiveram que trocar as missas pela força e perseverança de resgatar o que pouco sobrou do que lhes representava como religiosidade naquela casa, como bancos e objetos valiosos que decoravam a igreja, tudo tomado pelo barro e separado minuciosamente para serem restaurados e devolvidos a população de modo digno. O cenário trazia uma sensação de um lugar que por pouco não se tornou fantasmagórico. Foi necessário um alto investimento do Governo do Estado, na casa dos R$ 15 milhões de reais, para que a cidade reestabelecesse sua dignidade e voltasse a sorrir com as marchinhas de carnaval. Foram dois anos, até que parte do barro deixasse as ruas, que as casas voltassem ao colorido de suas janelas e batentes, que os enfeites da festa popular florescessem por todos os cantos da cidade. Seo Benito, criador de blocos, logo criou o do Espanta, com cara de bois e de gente para levar embora da cidade o que a desgraça trouxe, mas não levou, a alegria.






















