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Bastidores de Maydan
Ucrania, Kiev, Fev 2014
Felipe Paiva

             A crise política na Ucrânia já dura 2 meses e até agora o futuro está incerto.Após violentos confrontos que tiraram a vida de 3 manifestantes em janeiro, resolvi ver de perto e tentar entender o que acontecia em Kiev, a capital do país.

            Mesmo em dias que a temperatura chegava aos -24 graus, a moral dos que querem mudar o país não continuava alta. Barricadas foram construídas em um perímetro que ocupa grande parte do centro da cidade para impedir que a polícia retire as pessoas que agora lá vivem. A organização e a vontade da população é incrível.

            O que antes eram largas avenidas, agora acampamentos ao estilo militar. A cada 15 metros um tonel com uma fogueira constante para aquecer os que permanecem na região ocupada. Cada um tem uma tarefa. Cozinhar, limpar as ruas e os edifícios, coleta de doações (roupas, dinheiro, comida e remédios), médico, imprensa, administração do que se pode chamar de um embrião de governo paralelo, e até lutar. Um exército de mais ou menos 200 soldados homens e mulheres protegem a ocupação chamada de Maydan em homenagem a praça onde tudo começou.

            A eficiência não acaba por aí. Três prédios que pertenciam ao antigo governo agora são ocupados e funcionam para os rebeldes. A prefeitura é um refeitório, abrigo e auditório para eventos políticos. Outros dois prédio servem de central de imprensa com salas para entrevistas, transmissões ao vivo pela internet, cadastramento de imprensa, estoque de comida e água, quartel para as milícias, musica ao vivo, documentários em uma telão e até sala de tatuagem. Tudo é feito voluntariamente e o apoio dos que não estão diretamente envolvidos é grande. Vem de todas as partes do país. Apesar da trégua, o clima é de tensão. Na linha de frente policias do governo e soldados rebeldes ficam cara a cara 24h por dia monitorando uns aos outros. De um lado o presidente Yanukovich quer políticas de aproximação da Rússia e desocupação de Kiev em troca da anistia de alguns presos. Do outro a renúncia de Yanukovich, votação de leis constitucionais que diminuem o poder do presidente e distanciamento político da Rússia. Tudo começou quando o presidente rejeitou uma chance de integrar a União Europeia em troca de investimento de 15bi do governo Russo. Era a chance da Ucrânia de se livrar da influencia russa.

            Os próximos passos ainda estão incertos. A oposição política não controla os manifestantes pois já não existe credibilidade. Agora o que resta é esperar e ver quem toma o primeiro passo.

© R.U.A Foto Coletivo 2014

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